Da (minha) História

Abril 4, 2008

Aproveitando esse grande acontecimento que é o lançamento do Taxicidade em Santarém, amanhã, pareceu-me pertinente utilizar este espaço para vos falar do significado que a capital do gótico (nota: refere-se a um estilo arquitectónico e não musical, portanto, não, não é uma terra onde se ouve muito Bauhaus e todos se vestem de preto) tem para mim.

Alguém me disse, há dias, que eu era uma espécie de “anfitrião” nesta apresentação… Aceito apenas por aproximação porque, acreditem, é melhor não aceitar todas as “nacionalidades” que me querem atribuir, senão, não há espaço Schengen que me valha ou ainda desconfiam da validade dos meus documentos. No entanto, a aproximação a esta cidade que me surge sempre seca, semi-deserta, quente e familiar, é inegável. É a terra dos meus avós maternos. E para mim, basta. É que, quando me refiro a esse casal risonho, com quem ainda partilho as grandes alegrias, ainda que apenas olhando-os nos olhos de papel fotográfico, refiro-me, acima de tudo, aos meus melhores amigos dos tempos da infância. Refiro-me a exemplos para a vida. Refiro-me a humildade com classe; a seriedade com riso; a respeito com palhaçadas; a muitas outras coisas…

Em Santarém, acompanhei-os inúmeras vezes à praça, puxado pela trela da Faia, esse espelho da personalidade dos donos. Íamos buscar o peixe para as caldeiradas, e demorávamos horas a percorrer alguns metros porque, a cada pessoa que se aproximava, eu sabia que era mais uma amiga da minha avó; mais um amigo do meu avô. Passeávamos pelos Jardins da República em noites de calor insuportável, com as bandas soando e suando no coreto. Comíamos pampilhos, esse pecado que ainda hoje não dispenso. Passávamos tardes à sombra na Portas do Sol, procurando no Tejo lá em baixo, um pouco da sua frescura, aos comboios que passavam a caminho de Lisboa boleia para os abraços com destino ao resto da família… Não cabe neste pequeno texto a memória de Santarém na minha História. E já nem vos falo da conquista aos mouros, do Bernardo Santareno ou de um capitão deste mês que saiu de lá de madrugada com uma revolução de flores debaixo do braço…

Uma resposta to “Da (minha) História”

  1. Elsa Semedo said

    Carlos,
    O teu texto recordou, também, a terra dos meus avós.E os Verões que lá passava junto daquela imensa planície sob um sol escaldante, claro que falo do Alentejo, mais propriamente, Nisa. Que saudades!
    Bom texto.

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